Em mais uma etapa da Expedição Oriente, volta ao mundo iniciada em setembro de 2014, a família Schurmann passou com sucesso e relativa tranquilidade pelas baixíssimas temperaturas da Antártica. A expedição segue sua ousada missão rumo ao continente asiático a bordo do Veleiro Kat, que tem diversas tecnologias Parker embarcadas. Acompanhe a seguir a emocionante narrativa do capitão Vilfredo Schurmann, que nos conta como foi esta etapa do roteiro em mensagem do dia 2 de abril:
“Estamos navegando pelos canais patagônicos do Chile rumo à Punta Arenas. Ontem passamos pelo Glaciar Garibaldi e ficamos a uns 50 metros dele, um espetáculo! Hoje estamos ancorados na Caleta Brecknock, um braço do Canal Ocasion, a 135 milhas de Punta Arenas.
A navegação na Antártica foi excelente. Foram 22 dias, incluindo a travessia do Drake. É muito bonito e grandioso, uma vida marinha exuberante com focas, leões marinhos, pinguins e baleias, e pretendo voltar aqui um dia. A temperatura mais baixa que pegamos foi de 15ºC abaixo de zero.
Hidráulica perfeita
Nosso sistema hidráulico funcionou muito bem, apesar das baixas temperaturas. Ele foi fundamental quando tivemos que subir a âncora de imediato. Na Antártica, o sistema hidráulico do guincho trabalhou bem com a entrada de ventos com intensidade de 48 a 50 nós. Quando da chegada em lugares com pouca profundidade e onde necessitávamos nos abrigar, a quilha que trabalha hidraulicamente com sistema Parker subia rapidamente, e passávamos de 5 metros para 2,20 m de calado. Essa é a grande vantagem para um veleiro de 80 pés. No Cabo Horn, com ventos de través de 48 nós (89 km/h), os dois lemes hidráulicos funcionaram perfeitamente, com as bombas Parker acopladas ao motor Volvo Penta com 700 RPM no neutro, com consumo de diesel de 0,86 l/h. Para o conforto da tripulação, as catracas hidráulicas foram fundamentais para puxar as velas de proa e levantar a vela mestra. Enfim, todo sistema hidráulico desenvolvido pela Parker está operando muito bem.
Tivemos que aguardar um bom momento para a travessia do Drake rumo à Antártica. Esperamos uma boa janela na meteorologia na Caleta Martial, a 12 milhas do Cabo Horn. Quando estávamos ancorados e protegidos, soprou 65 nós. Nós tínhamos a previsão de que iria entrar uma baixa pressão. No dia anterior, fomos ao Cabo Horn e visitamos a família do tenente Manuel, que cuida do farol e permanece lá por um ano. Quando da visita, o mar estava tranquilo, com ventos de NE de 10 nós. Retornamos à Caleta Martial às 15h e às 16h30 entrou o vento forte. A ancoragem era muito boa, com fundo de lama que pega bem. Nós agora acostumamos com o assovio do vento na mastreação. No início, assustava. Essa mesma baixa pressão passou pelo Cabo Horn e soprou 90 nós. Em dezembro do ano passado, no Cabo Horn foram registrados ventos de 126 nós (143 km/h). Na travessia do Drake, o vento foi de W de 20 a 25 nós pela aleta. Levamos dois dias e 17 horas, e o veleiro Kat navegou bem neste percurso.
A primeira ventania
Na Antártica pegamos somente dois dias de chuva. Nesses dias o vento foi de NE e a noite com muita neve. Na primeira ventania, estávamos ancorados na ilha Curville. O fundo era ruim e a âncora não pegou bem. Colocamos a 2ª ancora e foi a mesma coisa. Então resolvi colocar 240 metros de cabo 28 mm amarrados em uma ilhota em frente. Lá havia uma corrente antiga dos baleeiros, e nela amarramos o veleiro Kat pela proa. Na popa colocamos dois cabos de 26 mm de 75 metros de comprimento cada um. O vento soprou forte a 150⁰ pela aleta e assim o veleiro ficou amarrado como uma aranha e dormimos tranquilos. Na Antártica, o importante nas ancoragens é ter muitos metros de cabo.
Depois navegamos à baía Paradiso, também amarrados na popa com cabos e na proa com duas âncoras que pegaram superbem. Também soprou forte e dormimos bem. Quando a ancoragem não é boa, fica sempre uma pessoa de vigília durante toda a noite, revezando de quatro em quatro horas. Na saída fomos cercados por blocos de gelo e, com o motor devagar, o veleiro Kat foi empurrando os blocos até formar um canal para sair.
Base inglesa hospitaleira
Depois seguimos para Port Lockroy, a base inglesa que só opera no verão. Tem uma baía bem protegida com fundo de lama dura. Colocamos duas âncoras, entraram ventos a 42 nós durante a noite, com muita neve. No dia seguinte, visitamos a baía Dorian, onde o Amyr Klink invernou. Existe um abrigo construído pelos ingleses, porta destrancada com tudo dentro. Tem fogão, mantimentos (leite em pó, café, comida liofilizada, biscoitos, etc.), saco de dormir, raquetes para caminhar na neve, picareta, pregos, martelos; enfim, uma casa completa para que alguém possa utilizar em caso de emergência.
No dia seguinte fomos para a base americana de Palmer. Ancoramos na baía no final da tarde. Fizemos um contato por rádio, nos apresentamos e perguntamos se poderíamos visitar a base, como é de costume na Antártica. Disseram que enviássemos um e-mail solicitando a visita. Na mesma hora enviamos. A resposta nunca veio, nem por e-mail nem por radio. Eu imagino que seja por receio de terrorismo.
Travessia do Drake
Iniciamos então a travessia do Drake com ventos de SW. A umas 60 milhas do Cabo Horn, o vento aumentou para 45 nós, com rajadas de 48 nós. As ondas vinham de roldão, e se chocavam violentamente pelo costado. Por várias vezes, no choque das ondas com o casco, a água cobria o cockpit do veleiro. Nesta região, que separa o oceano Atlântico do Pacífico, você navega com profundidades abissais, de 2 a 3 mil metros, e de repente a profundidade passa para apenas 80 metros. Essa variação e os ventos fortes provocam as chamadas ondas abomináveis.
Quilha retrátil testada
Tudo correu bem com a quilha retrátil. Foi um ótimo teste porque forçou bem o veleiro. Essa quilha foi a primeira feita no Brasil, com projeto do Horácio Carabelli, construção no Senai de Itajaí e sistema hidráulico da Parker. Foi uma inovação!
Nessas latitudes, sempre usamos pouca área vélica. A mestra rizada às vezes na 1ª e 2ª forra, e o mesmo com a mezena. Com ventos de través de 30 a 35 nós, com mestra na 2ª forra e mezena na 1ª forra, navegávamos de 9 a 11 nós.
Chegaremos à Punta Arenas amanhã dia 3. Estaremos em Puerto Montt no final de abril. Deveremos seguir para Ilha de Páscoa no dia 10 de maio.
Assista o vídeo desta etapa no programa Fantástico.
Um forte abraço,
Vilfredo Schurmann”
Fonte: ParkerNews
Add comment
Categorias
- Atendimento
- Automação
- Bombas
- Case de Sucesso
- Certificação
- cilindros pneumáticos
- Como fazer
- compressores
- Eletromecânica
- EO2
- Filtros
- Hidráulica
- Inovação
- Institucional
- Mangueiras Hidráulicas
- Manutenção Preditiva
- Mercado cervejeiro
- Oil & Gas
- Parker
- Parker Road Show
- Pneumática
- produtos
- Puma
- Sem categoria
- Tecnologia
- Transair
- Uncategorized